sábado, 25 de dezembro de 2010

Espírito de Natal

Então é Natal
Vamos fingir que temos amor ao próximo
Que abolimos o mal
Que tudo é perfeito

Todo dia crianças morrem por fome
A Terra sofre pelo homem
Mas não há nada de mau
Porque é Natal

Agora é a época 
Época de fingir que nos importamos com os outros
De dar a tudo um significado comercial e material
Isso se chama espírito de Natal

O verdadeiro aniversário a ser celebrado foi esquecido
O aniversariante foi substituido
Por um velho barrigudo que faz "How How How"
Que ensina as crianças como pedir presentes é bom

Por último veio informar
Que o mundo continua banal
Com os erros de sempre
Mas não vamos se importar, pois logo vem o Natal.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Homem de Lata


Se no amor eu acreditasse
Você eu amaria
Se um coração eu tivesse
A você eu o daria

Mas não tenho tempo para as crendices
Feito à margem eu fui
Nada idiotices
A razão me constitui

Meus sentimentos enferrujam como o metal
Uma máquina sem coração
Somente a mim sou leal
E ao meu artesão

De que adianta ver os casais
A andar pela praça
Nada disso terei
Apenas uma máquina sem graça

Chegará à hora em que todos poderão ver
Que o amor é fraqueza
E se eu não posso ter
Isso não é uma tristeza

Mas mesmo assim
Se no amor eu acreditasse
Você eu amaria
Se um coração eu tivesse...
A você eu o daria.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Escola

                   
              Não faz muito meu estilo, mas acho que o fim de um ciclo tão importante merece alguma consideração, então vou escrever algumas coisas sobre a escola, um ciclo tão longo da vida. (Qualquer um pode estranhar mudanças, isso é direito de qualquer humano)
             A formatura de ontem (da qual não pude participar por motivos de força maior) me fez pensar que agora é definitivo, sem mais palhaçadas, sem mais colegas que você pode irritar, brincar, discutir e essas coisas.
            E parece que foi ontem que o garoto chorão entrou naquela classe do pré, conhecendo novos “coleguinhas”, como diria minha mãe, aprendendo a ver um novo mundo.
            Mesmo tendo como o objetivo maior ensinar matérias do progresso humano, a escola serviu pra muitas outras coisas, como conhecer gente nova, ser exposto a novas idéias, (aprender a beijar atrás da quadra), entre essas coisas.
            Nunca vou esquecer da grande turma que me fazia companhia toda manhã em minha escola primária, brincando, meninos e meninas rivais, uns contra os outros para ver que é melhor.
            Passamos tanto tempo na escola, que mal percebemos o quanto nós e nossos colegas vão mudando, desde pequenos até virar adolescentes. E pensar que nunca mais vou precisar dizer, “ A mãe, não tem nada importante amanhã, posso faltar?”, ou “Acho que to doente, não quero ir pra aula”, também não vou precisar fingir esquecer um trabalho como desculpa para não entregá-lo, tampouco bater a mão na cara por não ter estudado para uma prova.
            Acabando tudo isso também acaba a época em que a vida não precisava ser tão séria, em que todo dia se podia encontrar seus colegas e amigos, em que por piores os momentos que viesse, ainda serão melhores dos que virão, pois lá estávamos sobre a proteção dos outros, ainda sobre as asas dos pais.
            E agora? Agora é o mundo real, sério, sem tempo para palhaçadas, onde não existe “recuperação”, nem “repetência”, onde a vida não perdoa os que falham, onde apenas os melhores prosperam.
            Se resolvi tomar um espaço neste blog que tanto gosto, postando um texto diferente do que todos aqueles que postei antes, sem vestir uma fantasia em meus personagens ou poemas, sendo apenas eu mesmo, é porque queria arranjar um modo de dizer o quanto as experiências deste ciclo me marcaram.
            E para todos que fizeram parte desta parte da minha vida, entre colegas e professores, vale ressaltar que ainda não acabou, os colegas feitos ficam, todo o conhecimento adquirido também, e talvez um dia possamos todos nos reunir novamente, para em um mundo sério, sem tempo para a diversão e descontração da escola, agente possa reviver os velhos tempos.   

sábado, 18 de dezembro de 2010

Charlie, a tradição contra a vida

                            
                Charlie morava em Engelberg, uma cidade com certa de 3.500 habitantantes , localizada na Suiça. Nasceu nos Estados Unidos, mas ainda novo seus pais se mudaram para o país europeu por questões de trabalho.
                Mesmo sendo um estrangeiro, Charlie, era muito conhecido na pequena cidade, seu pai era um importante político, e não havia festinha que Charlie não fosse convidado.
                Porém, após um certo tempo de grandes festas, ele começou a enjoar daquilo tudo. Passou a ficar mais tempo em seu quarto, sem dar satisfações a seus amigos do que estava acontecendo.Mesmo ele reconhecia que estava mudando.
                Acontece que Charlie agora passava por uma fase idealista da vida, atingia os quinze anos, e em uma festa ele viu um rapaz pichando contra o nome de seu pai, o garoto popular não ficou revoltado como antes ficaria, apenas admirou a atitude do garoto, que tão novo se expõe ao risco pelos seus ideais. Então ele percebeu o como ele era normal, e insignificante em idéias, sua vida era apenas uma festa, e ele não queria isso.
                Agora ele passava um bom tempo em seu quarto ouvindo heavy metal, assistindo filmes do Tim Burton, lendo Edgard Allan Poe e livros de ocultismo. Começou a desafiar seu pai, este queria que ele seguisse a carreira política, coisa que ele não queria.
                “Sinto muito pai, mas isso não é para mim, não me encaixo com seus colegas corruptos, prefiro a morte a me tornar isto! Vou ser um escritor, vou escrever sobre como vejo o mundo!”
                “Ora Moleque, você não tem idade nem para morar sozinho, quer me afrontar ainda!”
                As conversas sempre terminavam em discussão, agora na cabeça de Charlie, passava a idéia de uma fuga cada vez mais.
                Ele começou a chamar a atenção na escola, quando passou a ir de preto com sobretudo e camiseta do Lacrimosa, nas bocas e cabeças de todos só passava uma coisa:
                “Este não é nosso Charlie”
                Mas a partir daí ele passou a ser mais popular do que já era, coisa que o deixava frustrado, a única coisa que ele queria era poder ficar em paz para escrever seus textos. Passou a cortar todos os amigos que em sua concepção eram inúteis, andava agora com alunos cdfs e menos populares, a companhia destes eram de maior grado do que a dos antigos amigos.
                Suas notas subiram muito, principalmente em Literatura, sabia de tudo sobre os temas abordados, agora ele ficava surpreso com seu intelecto encoberto pela vida que antes levava.
                Não agüentava mais a pressão de seu pai, resolveu fugir de casa, e foi o que fez. Em uma noite em que a Lua se erguia cheia no céu, ele fugiu de casa, levando umas poucas coisas. Sua primeira parada foi em uma praça, iria dormir ali até pensar em algo melhor, mas ele viu uma visão que o mudou para sempre, ali estava uma garota, pálida como a neve, com lábios vermelhos e cabelo escuro, vestida de negro, com um grande vestido que para ele muito lembrava as musas que ele imaginava como a perfeição.
                Não resistiu e foi conversar com ela:
                “Oi? O que faz em um parque a essas horas?”
                “Esperando você Charlie”
                “Como sabe meu nome?”
                “Sei de muita coisa, converso com espíritos, e eles me disseram sobre sua transformação e também que eu deveria vir te ajudar”
                Charlie, ficou surpreso, mas também estava maravilhado, em sua atual fase, poucas garotas o chamavam a atenção, mas ela chamava, e ele leu Kardec o bastante para acreditar no que ela falava, até se lembrava de um dia pedir ajudar para algum espírito que tivesse o observando.
                “Espere como é seu nome garota?”
                “Perdão, esqueci deste detalhe, meu nome é Anne”
                Anne pegou a mão de Charlie e o levou para uma casa abandonada, lá se encontravam pessoas de todas as idades, declamando poesias em todo quanto, fazendo cenas de peças famosas, cantando, escrevendo e até pintando.
                O garoto ficou maravilhado com aquilo tudo, era o lugar para ele, em sua mente tudo se desenhava como uma Utopia. Mas ele finalmente estava em casa.
                No dia seguinte, Charlie, ficou sabendo que seu pai colocara grandes autoridades para procurá-lo, contou sua preocupação para Anne:
                “Anne, sei que mal cheguei mas preciso partir, meu pai está a minha procura, não quero voltar a minha vida cotidiana”
                “Nâo se preocupe Charlie, irei fugir com você, não devo te abandonar, para o bem ou para o mal, sou sua guia”
                Charlie ficava bestificado, uma garota de sua mesma idade sendo uma guia, mas não lhe agradava a idéia de se separar dela, seu coração já havia sido tomado desde a primeira vez que nela pôs os olhos.
                Os dois conseguiram sair da cidade, no caminho Anne ia ensinando muitas coisas sobre o poder da natureza, e a magia de sentir a Criação Divina em cada canto. Charlie por sua vez aprendia tudo rapidamente, como bom aluno. Certa vez ele roubou um beijo de Anne:
                “Desculpe, não deveria ter feito isto” – Charlie não sabia onde enfiar a cara, Anne por sua vez riu
                “Controlar os impulsos é muito importante, mas se inibir de seus desejos por medo ou vergonha não é uma coisa boa, e como um comentário pessoal, pensei que nunca ia fazer isso!” – Charlie se impressionava cada vez mais com a graciosidade e inteligência de Anne, agora Ann sua namorada.
                Charlie não tinha conforto, nem dinheiro, mas nunca estivera tão feliz em sua vida, tinha uma garota que amava, e estava aprendendo tudo sobre a natureza, e a vida, nunca conseguiu escrever tão bem desde que se tinha memória.
                Há dez meses, estavam andando os dois sozinhos por ai, vendo os lagos, as noites de Lua, sem saber o que iam comer ou encontrar em seguida, mas um protegia o outro, e finalmente Charlie encontrava alguém que sabia dividir o mundo com ele, da maneira como ele pensava ser.
                Agora chegava o momento de voltar e encarar a antiga cidade, onde seu pai deveria estar furioso. Era a última noite dos dois juntos, ela lhe entregou um livro:
                “Pegue, isto é para você, és o melhor aluno de que ouvi falar, com este livro aprenderá o resto sozinho”
                “Como assim? O que quer dizer? Não mais me seguirá?”
                “Sempre estarei com você, mas esteja preparado para o que vai se seguir na cidade, seja forte”
                “Como assim?”
                Anne ficou quieta, e Charlie não conseguiu dormir.  Ao amanhecer, Anne disse as seguintes palavras antes de entrar no perímetro da cidade:
                “Charlie, quero que saiba que independente do que acontecer, você foi a melhor coisa que aconteceu comigo, e sempre serei grata pelo dia em que te encontrei na praça, independente do que isto possa me fazer.Sempre estarei com você”
                “Eu também sinto o mesmo, mas por que tudo isso? O que tá acontecendo?”
                “Nada, apenas diga que vai sempre seguir seu caminho, prometa! Por mim!”
                “Sim prometo”
                Os dois foram até a cidade, lá chegando, foram primeiro a casa abandonada, onde estava tudo revirado e destruído. Logo andaram mais um pouco, quando ouviram o grito
                “Olha a Bruxa!!”
                Estavam apontando para Anne, Charlie pegou em sua mão e quis correr, mas ela não se mexeu, quando as pessoas chegaram mais perto, ele se interpôs entre eles e ela, mas logo levou um golpe na cabeça que o desacordou.
                Quando acordou, o médico lhe explicou , que o boato que corria em toda cidade, era de que Anne era uma bruxa que falava com os mortos, e seqüestrou o filho de um importante político, o colocando um feitiço que o fez agir estranho por todo este tempo.
                Charlie tentou explicar a verdade, mas ninguém acreditava (queria acreditar) nele, ninguém ousaria desafiar as ordens de um político, que contara a história e não queria ouvir nada que provasse o contrário.
                Charlie entrou na cela onde Anne estava presa, e falou com ela :
                “Ainda dá para nós tentarmos uma fuga”
                “Sinto Charlie, é o fim da linha pra mim, você prometeu que iria continuar, todos nossos irmãos do casarão abandonado, foram capturados, cabe a você, meu melhor aluno e único amor passar a tradição à frente”
                “Não! Não sem você!”
                “Sim Charlie, é assim que tem que ser”
                Ela deu um ultimo beijo em Charlie, e pediu para o guarda tira-lo de lá.
                Na manhã seguinte, Charlie assistiu Anne ser queimada viva, e ali o amor dos dois morria. Ele demorou alguns meses para se recuperar, mas voltou a desafiar seu pai, que por fim o deixou ir, e agora ele continua passando a tradição, de como viver a vida livre das imposições coletivas, sabendo sempre que em algum lugar, Anne o protege.

                                                     F I M
               
               
                                

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Nova velha Infância

                                
                                   Chove lá fora, um dia ermo e escuro. Assim como a maior parte dos dias de outrora, de quando ainda o garotinho sonhador e imaginativo existia em mim.
                                    Dias como este me fazem lembrar da época de criança, onde mesmo com todos os problemas eu e meus dois amigos conseguíamos criar nosso próprio mundo, mesmo muitas vezes em meio as grandes adversidades que a vida proporcionava, estávamos lá, juntos, brincando que o mundo precisava que nós destruíssemos todo o mal imposto pelos vilões de nossas fantasias.
                                   Sabíamos que as crianças normais precisam de muita coletividade para achar sua diversão, brincando de brincadeiras folclóricas, e que provavelmente não seríamos vistos com bons olhos pelos outros que nos viam em nosso próprio mundo, mas isto nunca foi problema, na verdade no fundo (nem tão fundo assim) todos queriam entender como podíamos ser tão felizes, e viver rindo e brincando dispensando qualquer grupo maior que eles poderiam fornecer.
                                   Lembrando de cada momento, a saudade bate forte em meu peito, grande falta me faz a inocência e imaginação de outros tempos, vendo como em tão pouco tempo, as crianças deixam de ser crianças cada vez mais cedo, e que precisam de aparatos eletrônicos para despertar a imaginação. Vendo que provavelmente nunca mais vão existir três garotos que de tão diferentes se completavam, e salvavam o mundo a cada dia.
                                   Num último clamor de morte, eu desejaria voltar para aquela época, nem que por apenas poucos instantes, apenas para me sentir como sentia antes, quando apenas os vilões da imaginação me preocupavam, não os da vida real.

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