domingo, 22 de maio de 2011

Posso pensar em coisas mais bonitas...


                Ali em um banco mais isolado de uma praça se vê dois jovens. Ele alisando os cabelos dela, que por sua vez está com a cabeça apoiada em seu colo.
                Falam sobre a vida, dos planos futuros, falam de amor.
                Este último é culpado por tudo, ele não era um jovem muito comum, não pensava em família, não pensava em amigos, queria apenas uma coisa, ser livre e aprender o máximo que puder.
                O destino a trouxe para a vida dele, a principio ele ficou desconfiado, se encheu de defesas, mas aos poucos ela venceu todas.
                Quanta diferença, os que o conhecem de sempre nunca imaginariam aquela cena na praça, aliás, nem ele mesmo se imaginaria assim. Não havia confessado direito para ela, mas poderia deixar todas suas metas complicadas de vida (que tanto amava) por ela, a vida simples de se casar e ter um emprego rotineiro nunca o atraiu, mas ela conseguia arrancar dele as melhores coisas.
                E agora estavam ali, havia crianças brincando, pessoas indo de lá para cá, mas o centro do mundo, tudo que ele se importava no momento estava ali admirando as nuvens em seu colo.
                Ele sempre teve facilidade para entender a cabeça das pessoas, de saber o que elas pensam, mas isto não funcionava com ela. Isto deixava apreensivo, não saber exatamente até onde ir, não saber exatamente o que ela pensa a seu respeito.
                Ela não sabia o quanto sua presença fazia ele feliz, era como mágica, o mais perto da perfeição que ele conhecia.
                Enquanto ele pensava nela como uma mulher para toda a vida, ainda se perguntava sobre qual seria a visão dela de tudo isto.
                Agora o Sol estava quase se pondo, era hora dele voltar para casa e ele voltar à realidade. Realidade onde pessoas como ele não estão na moda, onde raros são os que sabem amar.
                Se despediram com um abraço, foi mesmo uma ótima tarde, a única coisa que o consumia era o fato de só poder vê-la novamente dali a muito tempo. Mas quanto a isso não tem escolha, só podia esperar pacientemente e até a próxima.

sábado, 21 de maio de 2011

Homem Público



            Ele levanta de manhã, toma um banho em sua luxuosa banheira, veste sua camisa engomada e sua calça de marca. Logo se vê a frente de uma grande mesa de refeição, tomando seu desjejum.
            Logo ele sai de seu condomínio em seu belo carro, liga o rádio e ouvindo as notícias sobre as desigualdades sociais, violência e todos outros males da sociedade ele resolve desligá-lo. “Como o bicho homem pode ser tão sujo”, pensa consigo mesmo e por um momento se envergonhou de pertencer a raça humana.
            Depois de deixar seus filhos na escola toma o rumo para seu trabalho, passando por uma praça viu alguns maltrapilhos sentados tremendo de frio na calçada,o homem olhou aquilo com um ar de pena, mas logo se lembrou que tinha algo importante para resolver no trabalho.
            “Droga”, pensou ele, o sinal fechou ao mesmo tempo em que ele fecha a janela do carro na porta dos artistas do sinal fechado. Os malabarismos, garotos vendendo balas e limpadores de pára-brisa não fazem parte de seu mundo.
            Mais à frente ele joga os restos de um sanduiche para um cachorro de rua, e segue para o trabalho. Finalmente chegando lá ele bota seu paletó e gravata e começa a discursar.
            “Meus caros amigos e eleitores, o povo é meu principal foco, preservar a vida é preservar o mundo, todos os dias centenas de sem tetos morrem de fome nas ruas, crianças não vão à escola.......”