sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Chuva de Verão




                Era um dia como hoje, o verão não dava uma trégua com as chuvas repentinas. Em meio aquele caos estava um homem desafiando o céu, homem não, garoto, adolescente que julgava saber como tudo funcionava. Ele aproveitava os intervalos das chuvas para continuar sua jornada. Mas por que tanta empolgação para sair no meio das pancadas de chuva do verão?
                Sim, havia um motivo maior pra aquilo tudo, seria o fim, o fim da melhor parte de sua vida, algo que foi bom mais precisava acabar, algo que lhe ensinou muito, mas deveria chegar ao fim.
                Ela olhava a chuva caindo parecia pressentir que algo estava para mudar. Já havia algum tempo que tudo era diferente, o garoto revoltado pra quem decidirá entregar seu coração já não podia ajudá-la devido à distância, em seu coração a solidão batia cada vez mais forte.
                Na mente do garoto a idéia fixa de que o desfecho não passaria de hoje, que hoje ele resolveria tudo de uma vez por todas.
                Ele demorou um pouco chegar ao local marcado, para não chegar molhado teve que ir arranjando abrigos, ela entendeu sua explicação.
                - Como estão as coisas? – perguntou ele
                -Estão piorando, ontem briguei com minha mãe, meus dois irmão não falam mais comigo, estou sozinha de fato – respondeu ela, mas não querendo parecer muito coitada
                -Eu sei o quanto você está sofrendo, mas há quilômetros de distância que nos separam, isso não pode dar certo, enquanto você vivia aqui eu podia te ajudar, agora só posso te comunicar por cartas
                -É, mas temos que ter paciência...
                -Não, já bastou o dia que você encostou a lâmina nos pulsos, não quero passar por isso de novo. Lembra daquele seu amigo que gosta tanto de você?
                -Não se preocupe não vai acontecer. O que tem ele?
                -Eu sou a única barreira que impede vocês dois, mas agora essa barreira se foi, ele pode cuidar de você, eu não
                -O que está dizendo?
                -Simples, você não consegue superar o que eu consegui sozinha, e eu longe não é a mesma coisa do que ele perto. Sei que você tem plenas condições de amá-lo, por isso estou te deixando, pelo seu próprio bem...
                A garota botou as mãos no rosto e deixou as lágrimas escorrerem
                - Pois bem, se é assim, você também está me deixando! Como todos fazem! Apenas me usou, não me preocure mais
                -Se for para seu bem não procurarei mesmo, vou viver uma outra vida, recomeçar, ainda tenho muito que provar aqui neste maldito lugar, não tenho força pra continuar com minhas metas e ficar preocupado com a chance de você tirar sua vida. Pelo menos ele não vai deixar você fazer isso.
                -Não me venha com desculpas, é isso então? Adeus

                Eles discutiram mais um pouco, mas logo o Sol ia se por, e um nunca mais veria a luz do outro. Na volta pra casa ele resolveu se perder um pouco, as pancadas de chuva voltaram, ele se deixou atingir, sabia que tinha feito a escola certa, ele não poderia protegê-la como o outro protegeria. E agora a chuva em sua cabeça indicava um novo começo, para um novo homem, uma etapa se ia, para outras começarem.
                Assim é a vida, uma etapa precisa ser destruída para que outra reine em seu lugar. Assim é a vida, que começa da dor, e da dor se faz o milagre.

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