terça-feira, 12 de outubro de 2010

Crônica - Sentimento estranho

                    Levantei de minha cama, precisava continuar a escrever minha nova obra, coloquei meu cd dos Stones e começei a delirar no quarto, mas faltava algo, alguma coisa que não me deixava quieto. Era estranho como sua voz aparecia em todo quanto, e eu vivia a tatear pelo escuro procurando de onde ela surgia.Deveria estar delirando, aquele não era eu, esse não sou eu, mas ela não saia de minha cabeça, concerteza eu estava dominado.
                    Tirei o cd dos Stones, coloquei algo para combinar mais comigo, Bryan Adams (o quê?), quem estava ouvindo isso sozinho com uma taça de vinho na mão em seu apartamento em um dia de semana? Já não me reconheço mais, o que se passa comigo? Por favor saia de minha cabeça!
                     São nove horas da manhã, estou escrevendo feito louco, parece que apenas assim me alivio, parece que assim meu coração não se aperta, parece que assim consigo pensar em outras coisas. Às dez meu telefone toca.
                     "Ei Carlos, notícia quente aqui, vem até o Parque do Centro, acidente envolvendo gente famosa!". A profissão me chamava, preferia muito mais cobrir eventos políticos do que essas notícias de fofoca, mas tenho que ter paciência.
                       Peguei meu carro e parti, sua imagem voltou a minha cabeça novamente, agora eu acelerava sem parar na estrada (quem iria sair pela cidade em um feriado chuvoso?), eu sabia exatamente o que era, mas não queria admitir para mim mesmo. "Não você é mais forte do que essas coisas, sempre foi!", parei com meus pensamentos quando fui parada na estrada pelo guarda, mostrei meu sorriso e ele me mostrou sua multa.
                         Cheguei ao local do acidente, não estava a fim de falar com ninguém, mas ninguém respeita isso, tive que bancar o bonzinho em frente aos outros de novo, fiz a reportagem, montei meu texto, e passei para meu redator. "Otimo, tem mais coisas para cobrir, tá interessado?, dessa vez é a chance que você sempre esperou, debate entre os candidatos à prefeitura". A chance de minha vida, finalmente iria subir para a política, mas algo mais forte do que eu tomou conta de novo, "Hoje não dá chefe, tô indo para a casa". Ele se espantou, deu um meio sorriso e disse que eu estava liberado.
                           Peguei meu carro, dessa vez com mais calma, já eram seis e pouco da tarde, demorei cerca de uma hora para chegar à minha casa, mas sua imagem ainda não me abandonou, eu iria ficar louco, como última alternativa fiz o que nunca pensei que faria, peguei o telefone e:

                          
                             "Tá, você venceu, estou com saudade, pode voltar agora!"     
                              

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